segunda-feira, julho 31, 2006

Comboios...


Na passada sexta-feira, no início de uma viagem de comboio, e quando me preparava para sentar no meu lugar do Intercidades, reparei que estava uma senhora confortavelmente sentada no meu sítio. Após confirmar exaustivamente que aquele era o meu lugar, disse:
- Boa tarde. Peço desculpa, mas penso que esse é o meu lugar...
Após uma demonstração facial de desprezo, com direito a um lento cerrar de olhos, recebo a enigmática resposta:
- Depois o senhor já vê isso...
A pessoa que chegou ao lugar em frente do meu interpelou um rapaz de fato e gravata e muito compenetrado da sua postura formal:
- Desculpe, mas eu acho que esse é o meu lugar.
- Eu tenho aqui lugar 75.
- E qual é a carruagem?
- Humm, não sei.
- Deixe ver... O seu é na 121.
- Mas há carruagem 121?!
Acho que, por este andar, não entramos no comboio europeu. Até porque cheguei com mais de uma hora de atraso a Espinho.

sexta-feira, julho 28, 2006

O papel do 4º sector


Actualmente, segundo os dados da Comissão Coordenadora da Região de Lisboa e Vale do Tejo a terciarização da nossa economia (perdoem-me a visão endógena) supera já os 75%.

Não me assusta esta deslocalização da economia, desde que tenhamos uma boa cultura de pombo-correio. Afinal de contas, o que é que a Bélgica faz exactamente?

Contudo, a organização e o pragmatismo nunca foi o forte do artista português. Ontem tive um curto exemplo desta contraditória tendência quando numa agência de viagens de um centro comercial de Lisboa, procurei definir as próximas férias no Norte de África.

- Desculpe, mas já se acabaram os catálogos…
- Não faz mal, porque eu já vi o que me interessava num semelhante aquele mas da Tunísia. O que procurava saber era a possibilidade de juntar uns extras ao programa definido e saber o preço final.
- Essa informação só junto do operador mesmo. E já fechou…

Ora a STAR tem uma loja aberta mas não promove porque não tem catálogos nem concretiza porque não tem informação para tal. Qual é o seu papel no meio de isto? Higiénico?

segunda-feira, julho 24, 2006

A Princesa Vera Ritta

O artigo 8º do Código Civil diz que nenhum tribunal se pode abster de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou dúvidas insanáveis quanto aos factos em litígio.

Mas esta imposição de conhecimento da legislação nacional não se restringe às barras do tribunal. Assim, qualquer cidadão tem obrigação de conhecer os conteúdos do Diário da República.

Isto faz sentido. Todos nós começamos o dia tomando a nossa chávena de café com leite, um croissant com queijo e a última edição do DR.

Por isso, todos nós sabemos que no passado dia 26 de Junho foi publicado o seguinte despacho:

"Gabinete do Ministro da PresidênciaDespacho nº 13 299 / 2006 (2ª série) -
1 - Nos termos do nº 1 do artigo 2º, do nº 2 do artigo 4º e do nº 1 do artigo 6º do Decreto-Lei nº 262/88, de 123 de Julho, nomeio para exercer as funções de adjunta do meu Gabinete a licenciada VERA RITTA BRANCO DE SAMPAIO.
2 - À presente nomeação aplica-se o disposto nas alíneas a) e b) do nº 2 do artigo 3º do Decreto-Lei nº 196/93, de 27 de Maio.
3 - O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Abril de 2006.20 de Abril de 2006 - O Ministro da Presidência, Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira"

Depois de há 4 anos a ONU ter ido buscar a filha do nosso Ex-Presidente a Timor, e de Vaz Pinto a ter nomeado para a ACIME (500 contos por mês na altura) voltamos a ouvir falar desta nossa descendente real, antes que a menina chegasse aos 30 sem um trem de cozinha apropriado.

Que fique bem claro que eu até simpatizo com o Dr. Jorge Sampaio e posso até estar a ser muito injusto para com esta brilhante advogada.

Corto, sangue de Morpheus

Não existe uma única alma neste mundo que não se questione com a origem e o significado dos sonhos. Na Xocarau não perdemos tempo com interpretações Freudianas do mundo onírico. Isto pode parecer pouco coerente quando fazemos do sonho o maior passatempo, dedicando-lhe por vezes horas a fio, na lassidão morna e ociosa que nos é característica.

Recordo-me de um amigo que, por preferir os sonhos ao descanso negro, tinha o hábito de colocar o despertador adiantado em 1 hora, facto que lhe proporcionava sonhos regulares e intensos.

Por vezes podemos pensar que os sonhos reflectem vontades insatisfeitas, desejos reprimidos, medos recalcados, etc. Eles são sem dúvida o produto de qualquer sensação, por vezes despercebida e é por isso que corremos atrás de explicações.

Existem sonhos recorrentes e o meu prende-se com comboios. Prende-se mesmo. É que umas vezes fico na zona estreita entre 2 comboios que se cruzam, noutras fico a ver os eixos das carruagens, bem espalmado por baixo das composições ferroviárias para não ser puxado por qualquer gancho.

A partir do momento em que partilhei o sonho, este foi ficando menos recorrente e, actualmente já não me assalta frequentemente. Não me lembro sequer de o ter tido nos últimos anos. No entanto, no passado Domingo, quando pisei uma chulipa no Entroncamento, senti um arrepio quente e olhei em volta para me assegurar de que estava acordado.

quinta-feira, julho 20, 2006

A falta de comunicação é a base de muitos problemas. Telefonema de há 5 minutos:

- Xocarau, boa tarde.
- Boa tarde. Eu estou a ligar da Catassa Lda. por causa de um anúncio que vi em que dizia que vocês concorreram à obra do aeroporto de Beja.
- Como? Desculpe, mas a Xocarau é uma Associação Empresarial sem fins lucrativos (...) Não temos directamente nada a ver com obras - públicas ou privadas.
- Pois. Mas a MSF faz projectos convosco, não é? Para obras...
- Não, minha senhora.
- Mas é do vosso grupo.

Enquanto isto, o Google dá-me o número de contacto da MSF.
- Minha senhora, eu vou indicar-lhe o número de contacto da MSF, está bem?
- Sim, muito obrigada.
- É o 21.......
- Então eu vou ligar para lá. Muito obrigada. Falei com?...
- Falou com Corto Maltese.

Obviamente que o contacto com a MSF irá começar com:
- Boa tarde. Eu liguei há pouco para a Xocarau, que penso que é do vosso grupo. Falei com o Sr. Dr. Corto Maltese, que me indicou este número...

Estou sinceramente convencido que se eu dissesse à Senhora que a Xocarau se dedica ao comércio de carne branca e estupefacientes, a reacção seria idêntica. Em breve testarei a teoria.

quarta-feira, julho 19, 2006

Assim vai o Mundo


Num qualquer comentário semanal sobre a actualidade:

- Isto tá bonito, tá... Agora andam lá os judeus à paulada com os monhés... Dão cabo desta m.... toda, pá!

Por cá, isto também não tá melhor. O meu filho juntou-se com uma miúda mas não querem casar. Agora é assim... Mas também se calha a ficar com ela, não sei. Não se ajeita com a lida da casa.

Agora não querem fazer nada. É a carreira, é a carreira. Vão a pé, pá! Querem chegar e deitar-se a ver televisão. Ele também é um bandalho, é capaz de usar o avental lá em casa. Opá, às vezes prefiro nem saber...

Antigamente havia famílias. Havia solidariedade, havia amor. Um homem chegava estafado de trabalhar para pôr o pão na mesa, mas quando chegava a mulher estava lá e com a comidinha pronta.

Ver o meu Benfica com uma tacinha de tinto. Em acabando o jogo, íamos festejar para a tasca e gozar com o Joaquim Careca que é lagarto - bebedeira de meia-noite. Quando o Glorioso perdia ficava danado, em casa. De qualquer maneira, havia chapada à noite que eu tinha um feitio f......

- Mas o que acha que mudou tanto o nosso país?

- Opá, faz cá muita falta um Salazar!

- O Benfica agora tem mais dificuldade em vencer?

- Olha o c......! Qué isso, pááá? Só se fosse por não haver tantos gatunos... E não havia os maricas que há hoje. É que já não têm vergonha nenhuma! Qualquer dia, é obrigatório. Depois não admira que ande para aí a SIDA e o diabo a sete.

É brincos e cabelos compridos. Parecem todos uns drógados e trabalhar que é bom, tá quieto!
Querem é ficar em casa dos pais a comer e a dormir.

- Sente-se revoltado com esta situação...

- Opá isto a mim dá-me uma raiva, pá! Palvara de honra que eu... Mas comigo era diferente - punha-os todos a trabalhar.

- E a educação? Os estudos?

- Estudar? Para andar a roçar os cus pelas cadeiras, a beber cerveja e os pais a trabalhar? P... que os p.... a todos, pá! Tendo corpo era: "meu menino... aqui em casa as regras são estas... quer, quer... não quer, a porta da rua é a serventia da casa."

Cambada de chulos, pá!

- É isso que, de facto, lhe vai na alma...

- Opá se eu dissesse tudo! Ainda me levavam preso, pá. Isto levava cá uma volta... era de 360 graus, pá. Qualquer dia são os pretos que mandam na gente, também. Oiça o que eu lhe digo. Não querem acreditar...

Oh Toni, traz lá uma mine, que eu tou chei da sede, pá!

No dia em que a TVI colocar o Fanã a par do Marcelo Rebelo de Sousa, não há pão para malucos...

terça-feira, julho 18, 2006

É terça-feira, feira da Ladra...

Terça-feira, certamente o pior dia da semana por já não circular no sangue qualquer espírito de fim-de-semana nem se ver o fim (de semana) à vista. Amanhã já dobraremos a etapa dos 50%.

Tal como quando lemos um livro que não está a ser muito apelativo, também a semana ganha novo ânimo ao dobrar o almoço de quarta-feira. Quinta já envolve o fazer das malas, a compra de bilhetes ou o preparar da recepção, pelo que é uma antecipação de sexta, esse dia que faz sentido no fim, em que a invasão de tempo livre nos toma nos braços. É na quinta que se sai e bebe um copo a mais, com a ideia de que amanhã já é sexta...

As sextas-feiras à noite são, sem dúvida, os melhores momentos das nossas vidas - não é a infância ou a adolescência, nem sequer os primeiros anos de vida adulta. Elas reúnem a essência do começar um prazer.

Como a primeira garfada, a primeira palavra num caderno novo, o deitar numa cama acabada de mudar, o primeiro cigarro do maço, o primeiro beijo ou o início do xixi quando se está aflito, a sexta-feira é simultaneamente o regojizo com uma apreciação e a projecção de posititvismo no futuro.

Mas hoje é terça-feira. Os telemóveis acordam sem bateria a fazer aquelas rajadas metálicas, estilo canto do cisne (versão pato mudo). Por que é que todos os telefones sem bateria apitam? Será obrigatório por lei ou é algum added value que se crê possuir esta característica? Para além de ser irritante não ajuda muito um aparelho já de si faminto que, ao género de recém-nascido, chora quando quer mama.

É esta pseudo-humanização tecnológica que nos faz responder às interfências no rádio, ao comando da garagem que teima em não abrir a porta, ao telemóvel que chora com fome e ao aviso histérico de falta de cinto com um sonoro palavrão.

sexta-feira, julho 14, 2006

Cartilha de Corto para as boas pessoas

Conselhos às boas pessoas:
  1. Usualmente as boas pessoas tentam causar sensações agradáveis nos outros. A tentativa de que todos gostem de si provoca com frequência sorrisos amarelos, um esgar a meio caminho que fica sempre a dar a nítida noção de se estar perante um idiota. Devemos tentar a postura séria descontraída e rir apenas quando temos vontade ou quando seja mesmo diplomaticamente aconselhável;
  2. Não julguem os outros à vossa imagem. Não digo que não se possa confiar nas pessoas, mas aprendam a perceber quando o podem fazer. A redução do erro nos julgamentos efectuados é essencial, como é óbvio (eu sei que numa qualquer intervenção não se deve dizer que é óbvio);
  3. A sinceridade é uma pulsão a satisfazer para os bonzinhos. Como em qualquer outra, devemos satisfazê-la mas sem exageros. Isto não é detestável? Quando as pessoas emitem opiniões que consistem em dizer "vê lá se não exageras..." - dá para tudo e não diz nada;
  4. Não fazer demasiadas concessões. Esta será talvez a parte mais difícil. O pensamento é sempre "Não me custa nada, por que é que hei-de ser antipático?". Esta acessibilidade, característica de almas nobres é quase sem excepção encarada como falta de personalidade e normalmente, como nos sindicatos, a seguir à mão vem o braço; e
  5. Mais importante, apesar de toda e qualquer lição não deixem de ser boas pessoas.

E como a minha avó dizia, oiçam este rapaz, façam o que ele diz, não façam o que ele faz (acabo de me levantar porque a minha chefe me pediu para lhe ir buscar uns documentos à impressora).

Tour ismo 1

A experiência mais próxima do andar de metro no Porto:

http://dn.sapo.pt/2005/07/11/boa_vida/um_passeio_pela_cidade_oculta.html

Do you want ot debug?

Os primeiros computadores eram grandes e utilizavam válvulas. Como consequência, as salas nas quais ficavam em funcionamento os tais "monstros" (em comparação aos micros de hoje) eram abrigos perfeitos para insectos ("bugs" em inglês), causando grandes problemas. Os bichinhos pousavam em alguma válvula ou chave, e morriam. Iam-se acumulando até que as coitadas das máquinas paravam de funcionar - pois não tinham a mesma tecnologia de hoje. Quando descobriram a causa das máquinas pararem, ou seja, os insectos, acostumaram a chamar qualquer problema de BUG, originando assim a tão conhecida expressão.

Para quem queira declamar à mesa

[«( ... ) Mas se hei-de ir por mim cagando,
Ou tendo dores a fio,
Vou aqui ao teu bacio,
Tu vai daqui conversando:
Deixa me ir espeidorrando,
Que a merda já vem atrás;
Caga tu, Nize, e verás 0 cagar que gosto tem,
Porque em tu cagando bem,
Descansada ficarás. ( ... ).»

Padre Brás da Costa de Mendonça (séc. XVIII),"Adeus Senhora que Eu Parto", in Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.

Não desvalorizemos os avanços da Medicina

"A origem da frase é problemática», afirma Orlando Neves, que cita Cláudio Basto, a propósito: "Matar o bicho provém de, em jejum, o vazio do estômago se manifestar como se dentro dele estivesse um bicho que o "mata bicho" mataria. A sensação de vacuidade do estômago também é comparada ao roer dos ratos dentro daquela víscera ( ... ). Assim, parece-me acertado dar tal origem à expressão matar bicho, confirmada pela expressão popular espanhola "matar em gusano".

0 mesmo autor assinala que outros recordam que "o álcool era considerado remédio cautelar contra as epidemias" e acrescenta que "aquando da peste do Porto e também em 1917, durante a gripe pneumónica, recomendava se essa prevenção". Orlando Neves entende, porém, que "a mais objectiva informação sobre o assunto deu a Ladislau Batalha, citando o autor francês Maurice Rat, autor de um Dictionnaire des locutions françaises. Aqui se conta que num documento francês, o Journal d'un bourgeois de Paris sous le règne de François I, é narrada a morte, em 1519, de uma tal Madame de Ia Varnade, mulher de um servidor do rei e que essa morte foi julgada suspeita. Autopsiada, encontraram lhe no coração um verme vivo que só morreu depois de mergulhado numa forte bebida alcoólica. Passaram os médicos de Paris a aconselhar os habitantes da cidade a que tomassem em jejum um pouco de vinho ou outra bebida. Daí a expressão tuer le ver, usada há seculos entre os franceses."

Em A Gíria Portuguesa Esboço de Um Dicionário de Calão, Alberto Bessa (1901) dá nos também uma explicação interessante, que vale a pena transcrever, em ortografia actualizada. "Em princípios do século viu manifestou se na Espanha uma doença, classificada de "misteriosa" pelo mais célebre médico de então, tomando aterradoras proporções. Era impossível conhecer a sua causa, e por isso inúteis todos os remédios aplicados.

D. Gustavo Garcia, antigo e avalizado médico, que havia muito tempo abandonara a profissão, não pôde permanecer impassível à vista dos infrutíferos esforços dos colegas, e deixando as suas comodidades, quis, como por despedida, reunir os seus conhecimentos aos dos companheiros, procedendo imediatamente a um rigoroso exame nos corpos das vítimas da misteriosa doença. Depois de várias experiências e de minuciosas análises em diversos corpos, conseguiu descobrir nos intestinos dum cadáver um pequeno verme com vida. 0 bicho era a causa; restava, porém, achar se o meio conveniente para matá lo e, para isso, D. Gustavo o lançou em diferentes líquidos, dos quais saía parecendo cada vez com mais vitalidade. Como último recurso submergiu o numa pouca de aguardente, vendo com esta feliz ideia coroados os seus esforços, pois que o bicho morreu instantaneamente.

Depois desta descoberta, facílimo foi extinguir-se a horrível moléstia, congratulando-se D. Gustavo Garcia pelo excelente resultado que obteve dos seus trabalhos.

Desde essa época não esperava ninguém que a doença o acometesse, por que enfermos e sãos habituaram se a tomar, ao levantar da cama, uma pequena dose de aguardente para matar o bicho."

Olha aí o Farrobodó...


Joaquim Pedro Quintela, 2º Barão de Quintela e 1º Conde de Farrobo, nasceu em Lisboa, no palácio de sua família, na Rua do Alecrim, a 11 de Dezembro de 1801, onde veio a falecer, a 24 de Setembro de 1869. Seus ascendentes eram das nobres e ilustres famílias dos Pereiras e dos Rebelos, fidalgos de linhagem. Seus pais foram o 1º Barão de Quintela e D. Maria Joaquina Xavier de Saldanha.Era um entusiasta da monarquia constitucional e da causa de D.Maria II que muito lhe deveu, principalmente em auxílio monetário. A proclamação do regime absolutista em 1828 deu-lhe um grande desgosto.O título de conde foi-lhe conferido por D. Pedro IV, tirado do nome de uma propriedade sua - Quinta do Farrobo, próxima de Vila Franca de Xira e uma das mais importantes dos arredores de Lisboa, onde teve palácio e teatro.Joaquim Pedro Quintela não foi uma figura banal do seu tempo e não pode separar-se da história da sumptuosa propriedade que lhe engrandeceu a sua personalidade de artista.O palácio Farrobo recebeu de si a divisa «OTIA TUTA», isto é «Toda Prazeres», os prazeres colhidos das manifestações artísticas.Aqui o repouso era absoluto, e as preocupações terrenas diluíam-se no ambiente celestial da arte.Rodeou-se de imensa grandiosidade e organizou sumptuosos festejos, de um viver opulento que deram origem à expressão popular «farrobodó», derivada do seu título nobre.Na sua época foi considerado um grande mecenas sobretudo da arte musical portuguesa e a quem todas as fantasias musicais eram permitidas.Cantor e excelente executante de orquestra, perito em trompa, Farrobo foi ainda presidente da Academia de Música e segundo empresário do Teatro Nacional de S. Carlos, em 1838. A sua gerência tornou-se principalmente notável pelos artistas célebres que contratou, entre os quais se contavam os de maior renome de então.Dispensou, no entanto, a sua atenção a outras manifestações artísticas e exerceu as funções de Inspector-Geral dos teatros. Porém, não foi apenas animador de festas mundanas, nem exclusivamente amigo das artes. Tendo exercido outras actividades, nomeadamente a gestão do monopólio dos tabacos, pelo qual entregava ao Estado 1200 contos anuais.Quando faleceu em 1869, estava à beira da ruína. Perdera uma importante demanda comercial, e nos últimos dias vivia duma pensão do Estado, tendo renunciado ao título.O empobrecimento do conde de Farrobo determinou a venda dos seus bens em hasta pública.

As influências da nossa presença no Oriente reflectem-se durante Séculos

A origem da expressão Elefante Branco está ligada à Índia. Os antigos rajás indianos ofereciam um elefante branco, como uma espécie de presente chique. O elevante branco, tão distinto, não servia para trabalhar. Tão pouco podia ser usado para caçar por causa da sua cor. Para piorar a situação, a sua cor branca inspirava ainda grandes cuidados com a sua limpeza. Resultado, além de não servir rigorosamente para nada, ainda acarretava grandes despesas ao seu proprietário.

Ambiente Palaciano

A origem da expressão "pôr a mesa":

Sabe de onde vêm as expressões "pôr a mesa" ou "a mesa está posta"? Durante a Idade Média, as grandes casas e os palácios não tinham uma sala de jantar porque a tradição era a de que os senhores comiam onde estavam.

Na hora da refeição, o pessoal que trabalhava nas cozinhas colocava cavaletes com estrados por cima, ao que se chamavam mesas. Não havia talheres, a não ser a faca que cada um trazia sempre consigo. Comia-se quase tudo à mão. Para chamar os senhores para a refeição, os criados diziam aos seus amos que "...as mesas estão postas. "Daqui surgem expressões que ainda hoje utilizamos: "pôr a mesa" ou "a mesa está posta".

sexta-feira, julho 07, 2006

Agora que as bandeiras vão começar a sair das janelas, o País recomeçará com o seu ritmo normal. Ou será a ideia que fazemos dele? Calculo que agora a oposição se choque com algumas medidas tomadas na sombra do Mundial; os incêndios também vão começar a pulular, porque os incendiários não encontram motivações numa vida desprovida de adrenalina; o José Azevedo vai começar a destacar-se no Tour; vamos perceber a dimensão da crise humanitária em Timor Lorosae; Portugal vai dizer qualquer coisinha quanto à Coreia do Norte; vamos ver a espirituosa dicotomia entre os nativos e os visitantes dos festivais de Verão; etc, etc

Enfim... os telejornais vão deixar de retratar a actualidade em 20 minutos. Vamos ter de voltar à nossa tradição de charcutaria, enchendo chouriços mais meia horinha.

PRI 3

Por que é que num festival denominado Hype Tejo, que conta com a participação, entre outros grandes nomes, dos Massive Attack, chamaram um grupo entitulado "Buraca Som Sistema"?!

Quando menos se espera...

Em frente da televisão, a mastigar pastilha elástica com o cérebro; no meio do programa um intervalo para publicidade. Num pouco potencial anúncio a um laxante de contacto natural, qualquer coisa do género:
"Pursennide, e faz muito bem". O ponto alto do programa, na minha opinião.

quinta-feira, julho 06, 2006

PRI 2

Haverá expressão pior para descrever a noite de ontem do que o galicismo "Dejà Vú"?

Pergunta Retórica Idiota 1

Por que é que as pessoas colocam o cargo nos cartões de visita para depois terem o trabalho de o riscar com uma caneta?

quarta-feira, julho 05, 2006

Um futuro azul?

A poucas horas de um jogo decisivo para a história do futebol português, reina já um sentimento de orgulho por termos a possibilidade de passar por esta fase.

A reunião em torno de um símbolo nacional já foi conseguida, tal como há 2 anos, mas questiono-me se, após o primeiro desaire não voltaremos a ter um desprezo pela bandeira, Hino e selecção.

A unicidade em torno da selecção e do fenómeno futebol retira alguma propriedade a quem gosta de futebol. Agora todos exultamos com as possíveis conquistas, mas os verdadeiros apreciadores e adeptos, apenas passado algum tempo, depois de assentar a poeira levantada pela manada, começarão a apreciar esses feitos.

Neste momento estamos junto do quadro. Quando voltar a não ser fashion vibrar com 22 jogadores em busca de colocar uma bola num rectângulo, virá o coro grego a explicar que o futebol não deve ser tão valorizado. Esses brilhantes intelectuais que normalmente também se enojam com a tourada, a caça, o boxe ou qualquer vestígio de animalidade dominante, podiam ter a decência de se insurgirem agora.

Quem não gosta de ver um iluminado ex-líder de partido, opinion maker, potencial Presidente da República a 10 anos, fazer esforços por imitar o Petit, na sua apreciação esclarecida das exibições lusas dentro das 4 linhas.

Que bálsamo ouvir um profissional em vez das obtusas banalidades destes 4x4 que nos enchem a toda a hora os ouvidos de imbecilidades. Em Portugal não é valorizada a competência, mas sim a imagem de alguém poder ser especialista em tudo.

Sonho poder comentar o desempenho da nossa campeã de ginástica, nos próximos europeus da especialidade. “Uma performance muito conseguida de uma jovem, com todo o potencial para evoluir. Depois de ver a sua actuação, arrisco mesmo que irá trazer-nos muitas alegrias no futuro. O mais difícil será conseguir os apoios necessários para os requisitos da alta competição. Em Portugal é sempre muito difícil conseguir este tipo de suporte. Já falei neste problema diversas vezes e espero que agora possam ser dados passos para que a nossa ginástica evolua para mais altos voos.”

Não é minha opinião que as pessoas só devam falar quando sejam especialistas numa determinada matéria. Contudo, parece-me desnecessário ouvir essas opiniões num cenário de iluminação.

Venham os bleus e os azzurri. E… já agora fiquem com o Postiga.

terça-feira, julho 04, 2006

Longe da vista, longe da educação

Transcrição de um telefonema:

- Estou sim?
- Muito boa tarde. Fala Corto Maltese, da Xocarau.
- Como está, Sr. Dr.?
- Bem, muito obrigado. Seria possível falar com o Sr. Rasputine, por favor?
- Só um momentinho, Sr. Dr....
- Concerteza, muito obrigado.
(A talvez 1 metro do telefone)
-Oh Rasputine, tá aqui um Corto não sei quantos... Atendes?

segunda-feira, julho 03, 2006

Um cachecol no estendal


Olhando pela janela, vejo um cachecol verde-rubro a secar num estendal de um prédio vizinho.

Não é preciso s(e/i)r Arthur Conan Doyle para adivinhar que aquela desadequada peça de roupa passou por momentos menos higiénicos.

Obviamente partilho da alegria devida ao facto de Portugal jogar as meias-finais. Gosto especialmente de ver os insurrectos contra o futebol gritarem histericamente, cantarem o Hino com fervor e abraçarem-se orgasmicamente.

Gosto ainda de ver, na pequena cidade onde assisti ao jogo, as demonstrações desapegadas e sinceras de alegria.

Quem não estivesse no contexto talvez se admirasse por ver que os carros não se deslocavam nas ruas. Os condutores buzinavam insistentemente e metade dos carros traziam passageiros sentados no porta-bagagens. Os tunings rejubilavam em todo o seu esplendor, havendo mesmo quem se sentasse em cima das tão amadas colunas de discoteca, deitadas na parte de trás destas peças kitsch.

Não seria portuguesa esta cidade se metade dos condutores não empunhassem com orgulho um copinho de plástico com cerveja, que não aumentava mais a alcoolemia devido aos movimentos graciosos que a soltavam como chuva pela rua. As barrigas proeminentes esticadas em cima dos capots ilustravam também a graciosidade lusitana.

Como primo pelo civismo fez-me imensa confusão tudo isto, pelo que naturalmente subi o passeio e fiz a avenida principal a buzinar aos peões, que alegremente me brindavam com o nome do meu País.