sexta-feira, julho 14, 2006

Não desvalorizemos os avanços da Medicina

"A origem da frase é problemática», afirma Orlando Neves, que cita Cláudio Basto, a propósito: "Matar o bicho provém de, em jejum, o vazio do estômago se manifestar como se dentro dele estivesse um bicho que o "mata bicho" mataria. A sensação de vacuidade do estômago também é comparada ao roer dos ratos dentro daquela víscera ( ... ). Assim, parece-me acertado dar tal origem à expressão matar bicho, confirmada pela expressão popular espanhola "matar em gusano".

0 mesmo autor assinala que outros recordam que "o álcool era considerado remédio cautelar contra as epidemias" e acrescenta que "aquando da peste do Porto e também em 1917, durante a gripe pneumónica, recomendava se essa prevenção". Orlando Neves entende, porém, que "a mais objectiva informação sobre o assunto deu a Ladislau Batalha, citando o autor francês Maurice Rat, autor de um Dictionnaire des locutions françaises. Aqui se conta que num documento francês, o Journal d'un bourgeois de Paris sous le règne de François I, é narrada a morte, em 1519, de uma tal Madame de Ia Varnade, mulher de um servidor do rei e que essa morte foi julgada suspeita. Autopsiada, encontraram lhe no coração um verme vivo que só morreu depois de mergulhado numa forte bebida alcoólica. Passaram os médicos de Paris a aconselhar os habitantes da cidade a que tomassem em jejum um pouco de vinho ou outra bebida. Daí a expressão tuer le ver, usada há seculos entre os franceses."

Em A Gíria Portuguesa Esboço de Um Dicionário de Calão, Alberto Bessa (1901) dá nos também uma explicação interessante, que vale a pena transcrever, em ortografia actualizada. "Em princípios do século viu manifestou se na Espanha uma doença, classificada de "misteriosa" pelo mais célebre médico de então, tomando aterradoras proporções. Era impossível conhecer a sua causa, e por isso inúteis todos os remédios aplicados.

D. Gustavo Garcia, antigo e avalizado médico, que havia muito tempo abandonara a profissão, não pôde permanecer impassível à vista dos infrutíferos esforços dos colegas, e deixando as suas comodidades, quis, como por despedida, reunir os seus conhecimentos aos dos companheiros, procedendo imediatamente a um rigoroso exame nos corpos das vítimas da misteriosa doença. Depois de várias experiências e de minuciosas análises em diversos corpos, conseguiu descobrir nos intestinos dum cadáver um pequeno verme com vida. 0 bicho era a causa; restava, porém, achar se o meio conveniente para matá lo e, para isso, D. Gustavo o lançou em diferentes líquidos, dos quais saía parecendo cada vez com mais vitalidade. Como último recurso submergiu o numa pouca de aguardente, vendo com esta feliz ideia coroados os seus esforços, pois que o bicho morreu instantaneamente.

Depois desta descoberta, facílimo foi extinguir-se a horrível moléstia, congratulando-se D. Gustavo Garcia pelo excelente resultado que obteve dos seus trabalhos.

Desde essa época não esperava ninguém que a doença o acometesse, por que enfermos e sãos habituaram se a tomar, ao levantar da cama, uma pequena dose de aguardente para matar o bicho."

4 Comments:

Blogger BR said...

Bem, hoje vou tomar um copo que me está aqui a parecer que vou ficar gripada.

18/7/06 13:53  
Blogger CoRtO MaLtEsE said...

Isso deve ser falta de óleo. Deverá fazer a troca do seu fluido lubrificante a cada 10 a 15 mil kms. No caso de alguns carros brasileiros, a receita pode ser adequada.

Um Beijo,
Corto

18/7/06 16:12  
Anonymous Anónimo said...

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12/8/06 13:26  
Anonymous Anónimo said...

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17/8/06 18:05  

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