quarta-feira, maio 31, 2006

Libelinhas no Rio


Quando analisamos a vida e obra dos nossos maiores criadores literários, chegamos quase sempre a uma teoria: a produção e a sua qualidade estão geralmente associadas a um miserabilismo sentimental. Felizmente, na Xocarau esse nunca foi o caso, mas verdade seja dita, que desde sexta-feira não houve mais publicações em dois dos principais blogs portugueses. Será um bom sinal?

Como empresa inconformista e desalinhada dos exemplos passados, gostamos de escrever sobre as coisas agradáveis, sorrir com os leitores e não dramatizar as sombras da existência, já de si inevitavelmente efémera.

Sugerimos o seguinte exercício, no recato de um qualquer lar ou na agitação permissiva – apreciar o que temos e que talvez não estejamos a valorizar devidamente, saborear os momentos sem saudosismo mas como cultura só nossa, ver nas perdas uma evolução natural e reter o que aprendemos como forma de perpetuação, avaliar os afastamentos dos que gostamos como uma porta aberta num outro local onde nos esperam com agrado, e o que mais vos convir…
De facto, que há de melhor do que ter um livro para ler e não o fazer, sonhando acordado e sem preocupações exageradas de posse em relação ao que temos nem ao futuro – qual é o melhor sítio onde a corrente do rio nos leva?

É… também sinto libelinhas no estômago.

sexta-feira, maio 26, 2006

Embandeirar em arco



Como qualquer criatura que repeita a sua sanidade mental - ou tenta preservar a que sobra - abomino os conteúdos da TVI. Contudo, como incoerente que sou (ou vendido, como prefiram) existem alturas em que baixo as armas do extremismo e carrego '04'. São os jogos de futebol. Ontem este canal, depois de toda uma propaganda empolada por jornalistas que são capazes de fazer programas com uma prostituta que colocou o namorado em tribunal porque este lhe partiu um dente com um beijo, apresentou mais um resultado da expressão Embandeirar em Arco.

A selecção que ia triturar os adversários que se atrevessem a pôr o pé neste solo luso, foi banalmente vencida (mais uma vez). Quase a chegar ao intervalo, eis a notícia: no intervalo deste jogo e em directo a partir do Estádio da Luz, a apresentação de Rui Costa - 12 anos depois no S.L.Benfica. Aguardamos...

Depois de 10 segundos de declarações do Sr. Luís Filipe, vamos 15 minutos para publicidade. What the fuck is this?! Por brincar com a Instituição mais Sagrada de Portugal, a Xocarau accionou já um processo-crime contra esta burla-agravada, responsável por cerca de 1.578.000 "f...-.."s ditos em simultâneo por entre a nossa classe.

Ainda por cima o MAESTRO, O NÚMERO 10!!! Só falta um dia cortarem a meio o Hino de Luís Piçarra, e é chacinado o elenco dos Morangos com Açúcar. Isto não é uma estação séria, mas sim um apeadeiro de vagões de mercadorias numa qualquer parte do Bangladesh.

quarta-feira, maio 24, 2006

Uma questão de respeito pela Sociedade

No seguimento de um telefonema que acabei de fazer, no qual pedia uma foto de um coordenador de uma Iniciativa Xocarau, fui apanhado. Assim, tive de mostrar o meu interesse pelo evento deles. Dia 21 de Junho lá estarei.

Quem semeia ventos colhe tempestades, quem boa cama fizer nela se deitará, com vinagre não se apanham moscas, temos de ser uns para os outros, olho por olho dente por dente, tudo tem um preço...

Desde o berço até à cadeira do poder, o mundo rege-se por equilíbrios de favores. Quando a Senhora me disse - a propósito de dar a mensagem ao Professor - "acabei agora mesmo de dar uma ao Professor", eu imbuído deste espírito agradeci a informação e devolvi uma gargalhada.

terça-feira, maio 23, 2006

Mais depressa se apanha um coxo...



Apesar de me confessar fã de provérbios, por estes serem exemplos extremos do poder de síntese, há alguns que são um pouco forçados.
Existem situações em que o mentiroso se esconde atrás de uma teias de improváveis e indefinições e faz com que a sua verve (ou lata) ilustrem a verdade fictícia. Ontem, enquanto via um programa de um qualquer país do terceiro mundo (penso que se chamava prós e contras), confirmei que mesmo os casos perdidos enganam o mais incauto. Quem é que nunca pensou "Estou a ser enganado mas não faz mal..." ou "Epá, e se for verdade?".

O verdadeiro mentiroso já nem faz por mal. Ele vive o dia-a-dia criando naturalmente um grau de liberdade para qualquer eventualidade. Sem testemunhas, haja fé e tudo corre bem.

Recordo-me com alguma saudade de um Professor de Educação Visual, cujo nome David fazia jus ao potencial de tornar os pequenos um pouco maiores, e que me colocava desafios lógicos francamente mais apetecíveis do que o trabalho de pincel.

Há várias versões de enredo mas segue apenas uma sem perda de generalidade, contada no estirador do 7º ano:

"Num bosque onde vivia um bando de ladrões, todos os viajantes eram colocados sob o seguinte dilema:
- Vais ter direito a fazer uma declaração. Se nos disseres a verdade, serás atirado para aquele rio infestado de crocodilos. Se o que disseres for falso, serás imediatamente enforcado."

Eu safei-me. Acho que também sou um pouco mentiroso… mas sinceramente.

quinta-feira, maio 18, 2006

Sinceramente...


Um dos maiores riscos que corremos durante a nossa vida é o da sinceridade.

As bestas primitivas das quais descendemos confiavam quando isso os impelia a sobreviver. Naturalmente que, uns meses mais tarde nós mudámos. Talvez fosse altura de perceber o fenómeno.

O medo da sinceridade (como qualquer medo, é sensato) provém da sensação de inferioridade em que nos colocamos ao admitir que alguém nos conheça, entre no nosso círculo. Apelidamo-nos de ingénuos quando o fazemos e, mesmo com os melhores amigos, o in vino veritas parece por vezes o único catalisador.

Só a sinceridade nos permite evoluir. Não prego morais (nem Morais, nem Cristos) mas penso que quando disfarçamos, adulteramos ou inventamos nos aproximamos do quadro em vez de evoluirmos para algo.

Se coleccionarmos ossos ou almas em vez de partilharmos a vida e o mundo, podemos sempre orgulharmo-nos de termos uma boa colecção. E que tal? Interessante e que fazes com isso…

Não somos prendas, que se dão para agradar. Apenas podemos ser presentes quando não nos enganamos a enganar. De outro modo, andaremos à deriva, convencidos de um rumo.

O meu egoísmo leva-me a ser sincero.

terça-feira, maio 09, 2006

Se queres sair para curtir, chama o Gregório

Vai sair à noite e não quer trazer o seu carro?
Chame o ACP-Noite 707 200 262

A pensar na segurança rodoviária e encarando o seu papel interventivo junto da sociedade, considerando ainda a necessidade de satisfazer os interesses dos Sócios e surgir junto destes com uma imagem dinâmica e rejuvenescida, o ACP lança um serviço complementar e inovador: o ACP Noite. Trata-se de um serviço exclusivo, pretendendo oferecer aos Sócios acesso personalizado a um serviço de motoristas.

A sua componente inovadora consiste no horário de funcionamento e na rapidez de resposta, fornecendo a condução segura do veículo do associado e seus acompanhantes, em qualquer ocasião para destino a definir pelo Sócio, variando o seu custo em função das zonas (zona de Lisboa, 15 euros).














O nosso maior clube português prima pela inovação e adequação da sua oferta de serviços. Gostaria de conhecer o criativo que escolheu o nome deste serviço Noite - Gregório. O Gregório é o senhor que nos leva a casa, perdidos de bêbedos ou é um direito que nos assiste ao contratar este serviço (?).

sexta-feira, maio 05, 2006


E que dizer depois de um dia destes... É mesmo a luta contra o abandono do blog que me faz pegar na caneta a esta hora. Um dia que começa as 6 para ir trabalhar correu, como quase sempre, bem. Um Robin-hood sem grande conteúdo, um irreverente apenas por não gostar de reverências e o fim de uma frase que corre para o bocejo.

A salientar num dia entre convites, apresentações e conversas com Singapura a beber leite e Chicago de copo de vinho verde na mão: a ida até à redacção do Público. Resumindo a narração do kafkiano telefonema para o Dr. C. R. C., recebido pela recepção, passando para a Central, desmarcando a colega da secretária que finalmente entrega no atendedor da dita e finalizando em excelência com um "De momento não é possível efectuar a gravação" (felizmente não ia avisar em relação a nenhum atentado bombista - desta vez, não).

Um click - o senhor do taxi. Sim, porque só indo lá entregar o CD em mão.

Ex-comando na Guiné, espancou o 1º Sargento e passou um ano de castigo na fronteira de Benje (?). Carpinteiro de vocação e formação, remodelou a arte na Guiné e, pela amostra, ensinou todas as combinações possíveis de asneiredo aos carpinteiros gentios. À boa maneira lusa, comprou máquinas grandes para poder fazer uns biscates por fora e tratou de arranjar umas concubinas das redondezas (ai credo rcv, ia escrevendo comcubinas - sou mesmo influenciável...).

Tiro o meu boné de marinheiro ao senhor do bigode que me deu boleia no seu carro verde e negro e que deu uma pincelada mais na esfera bloguisto-medíocre. Estou cansado, preciso de me cansar muito mais.

Bom fim-de-semana, porque eu espero não estar aqui quando o Sol que eu vi nascer se puser.

Pronto, Johnie DeLight, vou descer!

quarta-feira, maio 03, 2006

Corto Quick Cooking


O prazer de cozinhar (e principalmente de comer) só não encontra dificuldades em resistir à tentação de fazer rápido, porque prefere não resistir.

Receita rápida do dia:

De manhã, quando estiver a preparar a saída de casa, abra uma embalagem de bacalhau desfiado e deixe-a debaixo de água quente durante, pelo menos, 5 a 10 minutos.

Ao fim da tarde, comece por descascar 6 alhos (entale-os primeiro com o cabo da faca e a pele soltar-se-á mais facil e rapidamente) e coloque-os em cima de um abundante azeite quente. Com o lume brando para não queimar o alho, esmague os tomates, previamente escorridos (eu dispensava-me de publicar posts com trocadilhos óbvios...) para dentro do tacho juntamente com uma cebola pequena picada em pedacinhos pequenos. Esfarele cabeças de oregãos para o molho e sem deixar apurar demasiado adicione o bacalhau, provando-o antes, para se assegurar de que tem o teor de sal adequado.

5 minutos depois, adicione o pão duro, previamente partido em pedaços e demolhado (bastam 1 ou 2 minutos dentro de água). Enquanto mantém o tacho com lume médio (2 a 3 minutos), tenha cuidado para não deixar secar o cozinhado e aproveite para mexer 1 ou 2 ovos, abrir a embalagem dos espargos e picar um grande molho de coentros.

Envolva os espargos, despeje os ovos (lume no mínimo durante 1 minuto no máximo), desligue o lume, junte os coentros e tape o tacho.

PS: Pode optar por escalfar os ovos se preferir.

PSD: Ludovico, já sabes o que te espera...