segunda-feira, julho 03, 2006

Um cachecol no estendal


Olhando pela janela, vejo um cachecol verde-rubro a secar num estendal de um prédio vizinho.

Não é preciso s(e/i)r Arthur Conan Doyle para adivinhar que aquela desadequada peça de roupa passou por momentos menos higiénicos.

Obviamente partilho da alegria devida ao facto de Portugal jogar as meias-finais. Gosto especialmente de ver os insurrectos contra o futebol gritarem histericamente, cantarem o Hino com fervor e abraçarem-se orgasmicamente.

Gosto ainda de ver, na pequena cidade onde assisti ao jogo, as demonstrações desapegadas e sinceras de alegria.

Quem não estivesse no contexto talvez se admirasse por ver que os carros não se deslocavam nas ruas. Os condutores buzinavam insistentemente e metade dos carros traziam passageiros sentados no porta-bagagens. Os tunings rejubilavam em todo o seu esplendor, havendo mesmo quem se sentasse em cima das tão amadas colunas de discoteca, deitadas na parte de trás destas peças kitsch.

Não seria portuguesa esta cidade se metade dos condutores não empunhassem com orgulho um copinho de plástico com cerveja, que não aumentava mais a alcoolemia devido aos movimentos graciosos que a soltavam como chuva pela rua. As barrigas proeminentes esticadas em cima dos capots ilustravam também a graciosidade lusitana.

Como primo pelo civismo fez-me imensa confusão tudo isto, pelo que naturalmente subi o passeio e fiz a avenida principal a buzinar aos peões, que alegremente me brindavam com o nome do meu País.

1 Comments:

Blogger CoRtO MaLtEsE said...

Au contraire ma chèrie,

Eu só queria mesmo ir buscar uma máquina fotográfica para ir ao sarau de ginástica.

Desculpa o snobismo mas alguém tem de compensar a falta de ingleses...

Beijo,
Corto

3/7/06 17:53  

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