
Segundo pudemos apurar, de fonte segura, no início de Novembro do passado ano, existiu em Portugal uma descida de uma comitiva colonizadora procedente de Marte.
A palavra procedente recorda-me as estações de comboios. “Entroncamento. Acaba de dar entrada na linha nº 5 o comboio rápido InterCidades procedente de Lisboa Santa Apolónia, com destino a Porto-Campanhã. Efectua paragens em Pombal, Alfarelos, Coimbra-B, Pampilhosa, Estarreja, Ovar, Espinho e Gaia. Mas continuemos o relato porque foi um fenómeno do já referido Entroncamento.
A chegada foi hostil, tendo o Comandante Marciano interpelado um ancião, dizendo-lhe que o seu planeta iria anexar este povo subdesenvolvido, que passaria a ser seu escravo. Passamos a transcrever este contacto de grau ainda indefinido:
- Sou o Comandante da nave Alfa e a minha missão é colocar a vossa população sob o nosso jugo (falava português).
- Veio no Alfa? Então não é de cá… Donde vem o senhor?
- Eu venho de Marte e acabo de aterrar neste planeta.
- Ah… Marte! Isso fica lá para cima… Eu não conheço muito, sabe? Mas já ouvi falar, é lá para o Norte. Sim senhores, sim senhores.
- Identifique-se.
- O queie? O senhor não está com boa cara. Ai, não está não. Isso deve ser da viáge… - o comboio não tinha sofáge imaginou o ancião – anda aí uma friagem, que tem de se ter cuidado!
- Tenho de o levar para a nave imediatamente.
- Peraí, tenha calma. Inda agora chegou. O senhor vem ali ao meu pipo provar uma pomada que eu lá tenho… até ganha cor, vai ver. Temos é de a calçar senão ela derruba-nos – tá bruta. A minha Maria traz-nos uma morcela de arroz como o senhor nunca provou e depois come uma sopa e fica tratado. Depois pode ir à sua vida…
Desconfiado, o marciano seguiu-o até à adega onde pôde travar conhecimento com o gado (“Não tenha medo que não entra cá a gripe das galinhas”) o pipo e a morcela de arroz (Morcela de Arroz – é algo que merece, sem dúvida, maiúscula).
- Os seus amigos não bebem? Diga-lhes para virem provar o tintinho que está uma delícia. Não é para me gabar, mas pró vinho não há pai pra mim;) Tem que se ter amor. Se for para fazer mal feito não vale a pena!
Actualmente o disco, cuja criação se atribui erradamente ao Arquitecto Taveira, serve de recinto desportivo, disfarçado com graffitties que dizem “Tino, és o maior”. Quanto à comitiva marciana, foi vista a abrir tascos ao nascer do Sol, plena de
delirium tremens e a trabalhar arduamente para pagar as derrotas na bisca.