sexta-feira, abril 28, 2006

A Invasão Marciana


Segundo pudemos apurar, de fonte segura, no início de Novembro do passado ano, existiu em Portugal uma descida de uma comitiva colonizadora procedente de Marte.

A palavra procedente recorda-me as estações de comboios. “Entroncamento. Acaba de dar entrada na linha nº 5 o comboio rápido InterCidades procedente de Lisboa Santa Apolónia, com destino a Porto-Campanhã. Efectua paragens em Pombal, Alfarelos, Coimbra-B, Pampilhosa, Estarreja, Ovar, Espinho e Gaia. Mas continuemos o relato porque foi um fenómeno do já referido Entroncamento.

A chegada foi hostil, tendo o Comandante Marciano interpelado um ancião, dizendo-lhe que o seu planeta iria anexar este povo subdesenvolvido, que passaria a ser seu escravo. Passamos a transcrever este contacto de grau ainda indefinido:
- Sou o Comandante da nave Alfa e a minha missão é colocar a vossa população sob o nosso jugo (falava português).
- Veio no Alfa? Então não é de cá… Donde vem o senhor?
- Eu venho de Marte e acabo de aterrar neste planeta.
- Ah… Marte! Isso fica lá para cima… Eu não conheço muito, sabe? Mas já ouvi falar, é lá para o Norte. Sim senhores, sim senhores.
- Identifique-se.
- O queie? O senhor não está com boa cara. Ai, não está não. Isso deve ser da viáge… - o comboio não tinha sofáge imaginou o ancião – anda aí uma friagem, que tem de se ter cuidado!
- Tenho de o levar para a nave imediatamente.
- Peraí, tenha calma. Inda agora chegou. O senhor vem ali ao meu pipo provar uma pomada que eu lá tenho… até ganha cor, vai ver. Temos é de a calçar senão ela derruba-nos – tá bruta. A minha Maria traz-nos uma morcela de arroz como o senhor nunca provou e depois come uma sopa e fica tratado. Depois pode ir à sua vida…

Desconfiado, o marciano seguiu-o até à adega onde pôde travar conhecimento com o gado (“Não tenha medo que não entra cá a gripe das galinhas”) o pipo e a morcela de arroz (Morcela de Arroz – é algo que merece, sem dúvida, maiúscula).

- Os seus amigos não bebem? Diga-lhes para virem provar o tintinho que está uma delícia. Não é para me gabar, mas pró vinho não há pai pra mim;) Tem que se ter amor. Se for para fazer mal feito não vale a pena!

Actualmente o disco, cuja criação se atribui erradamente ao Arquitecto Taveira, serve de recinto desportivo, disfarçado com graffitties que dizem “Tino, és o maior”. Quanto à comitiva marciana, foi vista a abrir tascos ao nascer do Sol, plena de delirium tremens e a trabalhar arduamente para pagar as derrotas na bisca.

2 Comments:

Blogger BR said...

Sr. Presidente, já ouvi falar nessa invasão. Mas a versão que me contaram foi algo diferente.

Permita-me que lha venda, ao mesmo preço a que a comprei...

Ao que parece, a comitiva parou em Rio Tinto, antes de se dirigir ao Entroncamento.

O primeiro transeunte que o Comandante dos Marcianos encontrou assim que desceu da nave era um guna de cabelo em crista, escondido por baixo de um boné de pala virada para cima, com correntes penduradas nas calças descaídas a ver-se o slip "Kalvin Claine".

Transcreve-se o diálogo que se seguiu e que me foi relatado por alguém que testemunhou a ocorrência:

Comandante: Ser inferior, viemos de um lugar longínquo para tomarmos conta da Terra e obrigar os humanos a prestarem vassalagem ao nosso povo.
Guna: Ya, mas falas mansinho, ok men? E em português, óbistes?
Comandante: Sim, terráqueo. Falo fluentemente todas as línguas da Terra.
Guna: Te quê, c******? Chegas cá e começas logo a chamar nomes? Põe-te mas é andar, senão espeto-te - puxa de uma seringa – e passa tudo o que tens.
Comandante: Espetas-me?
Guna: Não é que o raio do gajo é p********? Espeto-te com a seringa, men.
Comandante: Humano, preferia que me acompanhasses até à nave.
Guna: Ouve lá, tu és da bófia? Tu és da bófia.

E deu de frosques.

28/4/06 18:23  
Blogger CoRtO MaLtEsE said...

cada região tem o seu trato próprio.

pelo menos o Ribatejo é bem mais hospitaleiro do que o Porto...

28/4/06 18:32  

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